ON TIME, MEDITATION AND CREATIVE PROCESS

Martijn Comes 

Martijn Comes (1979) is a Dutch composer who is specialized in new media, sound design and electro-acoustic composition. He graduated at the academy for Digital Communications in 2004 with a thesis on live stage performance with the aid of digital media and studied Composition for Film at the Conservatory of Amsterdam (2010).

O título da conferência de Martijn Comes “On Time, meditation and Creative process”, coloca a discussão no interior dos pressupostos centrais do projecto “PÁR-A-AGEM”. A ideia de meditação, baseada nas suas crenças budistas, pode ser interpretada em forma laica pela contemplação activa, noção essencial para o entendimento do nosso projecto de investigação. É nessa espécie de resistência à compressão do Tempo que, quer a meditação, quer a contemplação activa, se imiscuem de forma decisiva no processo criativo. No caso particular do Martijn, o seu processo criativo é pautado pela adopção de elementos sonoros que se alongam no tempo, e que, ao fazê-lo, introduzem um factor de grande importância: a necessária atenção para os detalhes mínimos que vão ocorrendo ao longo das suas composições. É a atenção a esses detalhes que, da mesma forma, se encontram presentes na realidade e a que os artistas estão (alguns pelo menos) sensíveis. E que permitem essa espécie de im-possível resistência a um Tempo que baseia a sua existência, exactamente, no seu oposto: na impaciência generalizada, quer dizer, na prática diária de uma existência em que a compressão temporal se transforma num presente perpétuo (Agamben) e em que as diversas camadas do tempo: passado, presente e futuro deixam de fazer sentido.

Os processos criativos, na nossa opinião, não se podem ausentar desta discussão ou correm o risco da sua integração no processo domesticado da comunicação.

E os artistas, por princípio, nunca foram domesticáveis.

Fernando José Pereira

The title of Martijn's Comes lecture "On Time, meditation and Creative process", places the discussion within the central assumptions of the research project "PÁR-A-GEM." The idea of meditation, based on his Buddhist beliefs, can be interpreted in a secular way as an active contemplation, an essential notion for understanding our research. As a way of resisting the compression of time, both meditation and active contemplation became decisively involved in the creative process. In Martijn’s particular case, his creative process is guided by the adoption of sound elements that are stretched in time, which, in doing so, introduces a factor of great importance: the necessary attention to the minimum details that are occurring throughout his compositions. It is the focus on these details that, in the same way, are found in reality and to which some artists are sensitive. And that allows this kind of im-possible resistance to a Time that bases its existence in its exact opposite: in the generalized impatience, that is, in the daily practice of existence in which temporal compression becomes a perpetual present (Agamben) and in which the various layers of time – past, present and future – no longer make sense.

Creative processes, in our opinion, cannot be absent from this discussion or run the risk of integrating the domesticated process of communication.

And artists, in principle, were never domesticated.

Fernando José Pereira