Partindo da ideia inicial de Artur Matuck de criar um banco de dados para scripts colaborativos, o Perforum propôs que realizássemos eventos compartilhados para as comemorações do Brasil 500 anos. O ano de 1999 seria para amadurecer as possibilidades e estabelecer parcerias, e o ano de 2000 para realizar eventos que refletiriam os 500 anos do Brasil. O que nos permitiria infletir os discursos pré-constituídos das celebrações à medida que nos sentíamos mais familiarizados com as possibilidades de desenvolvimento de linguagem.
Ao delinearmos o projeto, de grande auxílio foram a disseminação de nossos eventos em listas de discussão da internet, e de maneira mais propositiva, nossas apresentações em fóruns online, palestras e workshops, como listamos a seguir: a palestra Projeto Perforum: experimento em meta-arte proferida por Artur Matuck no Museu de Imagem e Som do Centro Integrado de Cultura, CIC, em Florianópolis, SC, dia 14 de maio de 1999; a Oficina de Integração Interracial com integrantes de ambos os grupos de São Paulo e de Desterro em Igaratá, no sítio de Paula Perissinoto em São Paulo, coordenada por Hiparidi Top’Tiro e Uahú, seu sobrinho, da Nação Xavante, residentes de Sangradouro MT, em agosto de 1999; a palestra Multimídia: Perforum, com a participação de Daniel Izidoro do Perforum Desterro e coordenação de Artur Matuck, no III Congresso de Arte e Ciência, Descoberta/Descobrimento - Terra Brasilis, na USP, dia 21 de outubro de 1999; e um Fórum de debates eletrônico que funcionou de 22 de outubro até o dia 25 de novembro de 1999, tendo como evento de encerramento o Fórum temático online, A comunicação eletrônica como ritual telestésico.
O projeto Perforum aprovado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo, USP, como parte das celebrações para o ano de 2000, visava integrar afro-descendentes, quilombolas, cafuzos, europeus e americanos, indígenas de várias etnias. A Oficina de Integração Interracial, coordenada por Hiparidi Top’Tiro da Nação Xavante, em Igaratá, São Paulo, com integrantes dos grupos de São Paulo e de Desterro, em agosto de 1999 foi um marco ao incluir novos atores.
Percebemos mais marcadamente na programação do ano de 2000 eventos que vão se acercando da inserção de interatores excluídos até então do ciberespaço. Entretanto, a proposta de inserção de interatores e de suas sociocosmologias excluídas deveria vir acompanhada por um domínio discursivo e ético do campo do audiovisual1. O que demandava um amadurecerimento só obtido com os anos por vir.
As teleperformances nomeadas como Antes dos 500 anos aconteceram até abril do ano de 2000. E as que aconteceram a partir de abril de 2000 até junho de 2001 nomeamos carinhosamente Os outros quinhentos anos. Prosseguindo às performances com scripts compartilhados entre os grupos, dias 18 e 19 de abril de 2000 tivemos a quarta e quinta videoconferências a partir da Univali e do CIEP da USP/SP, Descobrimentos: a grande travessia. Atribuiu-se à concepção de Descobrimentos do dia 18 de abril à equipe do Perforum Desterro junto a Laurette Pasternak e o Grupo FOME coordenado por ela. Embora os scripts compartilhados tivessem diversas autorias, o do dia 19 de abril foi de Tereza Labarrère com Celso Fonseca atuando como performer, e ainda como convidadas as historiadoras: Beatriz Mamigonian e Denise de Moura. Celebrar o Brasil 500 anos com os ritmos do samba, do carnaval, do afoxé seria festa de preto, de branco, ou de índio? Seu poema narrado por Tereza Labarrére falava do Brasil que, sendo de uma cor só, não sabe ainda lidar com as diferenças e as favelas que ainda assombram.
Todas as videoconferências de 2000 após o mês de abril se distanciaram da temática da celebração do Brasil 500 anos: a sexta videoconferência, Oficina de roteiros, entre a Univali em Florianópolis e a sala de videoconferência da Sony em São Paulo, e a performance do script compartilhado de Daniel Izidoro, O fantasma da tela, dia 29 de maio, que teve a participação como ator de Chico Caprario, do Sorria! Você está sendo filmado; a sétima videoconferência, Teleróides I, autoria do script de Artur Matuck, e aula presencial sobre pesquisas de linguagem em videoconferência entre a Univali em Florianópolis e agora na Anhembi-Morumbi em São Paulo, dia 26 de junho; a oitava videoconferência cujo script O corpo da letra era de autoria de Yara Guasque, entre a Univali e a Anhembi-Morumbi, dia 15 de setembro; a nona videoconferência O corpo no ciberespaço: bruxas e ciborgues, entre a Univali e a PUCSP/Oficinas de eventos da USP, dia 31 de outubro.