Gray Area

Ao naufragado, isolado, portanto, restaria a arte de vagar. De se lançar ao mar, de ultrapassar sem nem mesmo querer a fronteira da segurança. Ou de esperar, sozinho, em uma ilha fortuita de meditação. O eremita. A diferença entre o lugar, a trilha, o ponto e a linha.

Para além do horizonte, o alto mar se torna um espaço sem fraturas, uma paisagem quase imutável, homogeneizada, para o náufrago seus rastros são discretos e em território neutro, cria-se uma trilha basicamente invisível entre a vida e a morte. Situação como forma. A recusa radical de se ater as coordenadas. Isso pode ser um pesadelo, para uma sociedade baseada em marcas, rastros e histórias e que se ocupa e se preocupa enormemente com a sua própria memória.