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esta exposição apresenta um exercício de ficcionalização da água-fortista no terreno, mais concretamente, nas trincheiras. encarando a gravura enquanto trabalho de campo, fiz espécie de oficina de gravura improvisada in situ, criando uma série de dispositivos no processo. não me cabendo a mim simular uma trincheira, nem tentando fazê-lo, o exercício em si é uma deslocação do corpo, neste caso do meu corpo, no território, uma invocação do trauma da memória da violência no território. o terreno circundante tornou-se, portanto, o espaço de registo da violência, ou pelo menos da memória dessa violência, e o metal o meio de representação dessa mesma violência, receptor da incisão, do corte e da marcação com a ponta seca, o raspador e o brunidor, das reacções químicas que desgastam e corroem o metal para gravar a imagem, e da pressão esmagadora da prensa que transfere a imagem da matriz para o papel. .

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  • contents
    • A memória da paisagem
    • O espaço de registo da violência
    • A gravadora no terreno
    • O caderno de campo
    • Naufrágio no desenho
    • Naufrágio na matriz
    • Naufrágio na impressão
    • Naufrágio na paisagem
    • Flor de Ceres Rabaçal
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  • abstract
    esta exposição apresenta um exercício de ficcionalização da água-fortista no terreno, mais concretamente, nas trincheiras. encarando a gravura enquanto trabalho de campo, fiz espécie de oficina de gravura improvisada in situ, criando uma série de dispositivos no processo. não me cabendo a mim simular uma trincheira, nem tentando fazê-lo, o exercício em si é uma deslocação do corpo, neste caso do meu corpo, no território, uma invocação do trauma da memória da violência no território. o terreno circundante tornou-se, portanto, o espaço de registo da violência, ou pelo menos da memória dessa violência, e o metal o meio de representação dessa mesma violência, receptor da incisão, do corte e da marcação com a ponta seca, o raspador e o brunidor, das reacções químicas que desgastam e corroem o metal para gravar a imagem, e da pressão esmagadora da prensa que transfere a imagem da matriz para o papel. .
  • Flor de Ceres Rabaçal - A Memória da Paisagem - 2024
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A paisagem como memória. Resquícios de uma guerra feita há quase cem anos atrás que ainda se fazem sentir no território e que se tornam parte indelével da paisagem. De Albergaria-a-Velha foi enviado um contingente de soldados para o C.E.P., e sabe-se de pelo menos 3 registos mortais. Estas pessoas passaram aqui, e agora já não passam.

 

O terreno circundante tornou-se, portanto, o espaço de registo da violência, ou pelo menos da memória dessa violência, e o metal o meio de representação dessa mesma violência, receptor da incisão, do corte e da marcação com a ponta seca, o raspador e o brunidor, das reacções químicas que desgastam e corroem o metal para gravar a imagem, e da pressão esmagadora da prensa que transfere a imagem da matriz para o papel.

 

Ponto de partida: a presença do artista Adriano de Sousa Lopes nas trincheiras entre 1917-18. Não me cabe a mim simular uma trincheira, nem o tento fazer, mas o exercício em si é uma deslocação do corpo, neste caso do meu corpo, para o território, uma invocação do trauma da memória da violência no território. Fiz uma espécie de oficina de gravura improvisada no território, e tentei perceber como fazer a água-forte no terreno.

 

Isto implicou uma reavaliação de que factores podem ser adaptados e recontextualizados mediante as limitações que impus neste exercício, e as limitações que o terreno me impõe a mim, bem como os naufrágios que nascem destas limitações.