O não pertencimento é sensação rotineira
Naufragar faz parte da aventura da navegação; o abandono do porto seguro é necessário para desbravar os horizontes à procura de outros locais desejados. Motivado pela curiosidade, o navegador irá se deparar com incertezas e desafios inerentes ao descobrir. A destruição da embarcação, destino de quem naufraga, propicia o encontro com as incertezas. Para prosseguir, é crucial a busca de novos conceitos, invenções de outras formas de se manter sobre as águas.
Miragens de uma ilha deserta.
Quando me veem deste outro lado, sou casca marcada, linha e sombra de um corpo vagante sem história, sem memória, depositado na margem de cá. O mar move esses fragmentos com tanta leveza, flutua o tronco mais pesado. Sinto que já não lembro como vim parar aqui, quais os nomes dos meus amores, quais as ruas que passava por lá. Longos tempos à deriva descascam as peles mais duras.
