"Choreographies of Coexistence" 

 

Projeto fotográfico em parceria com Heper Sayar

Exposição em Akbank Sanat, Istambul, 2025

 

 

 

 

Sinopse:

 

"Esta série fotográfica documenta uma performance que se desenvolve na frágil intersecção entre a vida humana e a vida vegetal. Na performance, o corpo transforma-se em paisagem através de um traje vivo feito de sementes de chia germinadas. A artista portuguesa Ana Sousa Santos, que realiza a performance, funde-se com a floresta. O traje torna-se uma segunda pele, germinando como uma película verde.

 

O meu papel enquanto fotógrafa não é apenas registar o que é visível, mas interagir com o que está em processo de formação, observando os limiares silenciosos e mutáveis entre espécies, corpos e ambientes. Esta documentação deixa assim de ser apenas um registo para se tornar num espaço de simultaneidade intercultural. Torna-se um território onde dois pontos de vista se encontram, unidos por uma atenção comum à poética da transformação.

 

Esta obra encontra a sua existência num espaço transitório moldado por diferenças linguísticas, imagens culturais e sensibilidades ambientais. Através do gesto, da luz e da textura vegetal, explora uma linguagem de convivência não verbal. A câmara transforma-se em testemunha de um processo que resiste à fixação; assiste a um encontro assente na lentidão, na decomposição e no cuidado mútuo.

 

Ao documentar o ato de tornar-se planta, as imagens não apresentam o camuflar como desaparecimento, mas como uma profunda integração – a dissolução de fronteiras corporais e políticas. Esta obra reflete um esforço partilhado para imaginar uma convivência pós-antropocêntrica e transfronteiriça; oferece uma meditação visual sobre a suavidade, a presença e a possibilidade de ecossistemas partilhados."

 

Texto e fotografias de Heper Sayar

 

 


A exposição em Akbank Sanat, em Istambul, inauguranda a 29 de maio de 2025, representa o culminarde um projeto de parceria com Heper Sayar, projeto este que emergiu da performance “Corpo Híbrido. Ato de vestir e despir o efémero” (2025). “Choreographies of Coexistence” (2025) resultou num conjunto de cinco fotografias que refletem sobre transformação, liminaridade e coexistência. Revela como a performance original se expandiu para além do seu momento de realização, contaminando novos territórios culturais e linguísticos. Não funciona apenas como vestígio da ação, mas como extensão da própria performance, carregando consigo a capacidade de gerar novos encontros e reflexões. A colaboração com Sayar, como fotógrafo, oferece um modelo de como diferentes práticas artísticas podem convergir sem se anular mutuamente, criando territórios híbridos onde ambas as linguagens se enriquecem.