Programa do Seminário:

3 de Outubro de 2024, i2ADS


14h00 Apresentação do seminário e da exposição Invisibles Database

14h30 Apresentação do trabalho “Alguma coisa acontece no meu coração¹” com Isabeli Santiago 

15h00 Desperfilar a partir da impressão 

15h20 Apresentação do trabalho “Éticas de performance: territórios feministas e outros perfis colaborativos” com Renata Gaspar

15h50 Desperfilar a partir da digitalização

16h10 Desperfilar a partir do coffee-break

16h30 Apresentação do trabalho “Hyper-separation: fronteiras entre o outro e a similaridade” com Ana Sofia Ribeiro

17h30 Desperfilar a partir da conversa coletiva

 


4 de Outubro de 2024, i2ADS


14h30 Apresentação do trabalho “FRESHWATER” com Mijo Miquel

15h00 Desperfilar a partir da impressão 

15h20 Apresentação do trabalho “Como supervigiar seres invisíveis?” com Felipe Argiles

15h50 Desperfilar a partir da digitalização

16h10 Apresentação do trabalho “Thinking Vertically: On mountains, politics, and imaginative practices” com Lucie Fortuin

16h40 Desperfilar a partir do coffee-break 
17h00
Apresentação do trabalho “Tracing the Mountains: reflexões gráficas no contexto da Crítica Infraestrutural e da crise climática” com Orlando Vieira Francisco

17h30 Desperfilar a partir da conversa coletiva

18h00 Encerramento do seminário com a Comissão Organizadora

Participantes:

Ana Sofia Ribeiro (DAP / i2ADS - Portugal)

Felipe Argiles (DAP / i2ADS - Brasil / Portugal)

Isabeli Santiago (CES/UC - Brasil / Portugal)

Lucie Fortuin (CES/UC - Holanda / Portugal)

Mijo Miquel (Universidad Politécnica de Valencia - Espanha)

Orlando Vieira Francisco (i2ADS - Brasil / Portugal)

Renata Gaspar (i2ADS - Portugal)

Apresentação:

O seminário "Desperfilar as artes visuais, o objeto enlouquecedor e o movimento das coisas", apresentou no âmbito das artes visuais e performativas uma análise transdisciplinar do perfil histórico, epistemológico e categórico no qual o sujeito e a natureza são percebidos, o território é pensado e a ciência se funde, a partir de diferentes propostas convidadas pela organização.

O evento foi promovido pelo ID_CAI - IDENTIDADES_Coletivo de Ação/Investigação (i2ADS) e se insere no programa do projeto de investigação “From the top of the mountains we can see invisible monuments: transnational artistic investigation on landscape environmental changes caused by infrastructure space” (i2ADS).

O seminário aconteceu nas instalações do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade, na cidade do Porto, nos dias 3 e 4 de Outubro de 2024.

Sobre a organização do seminário:

 

(3) Nesta publicação, encontram-se textos dos autores que apresentaram suas pesquisas durante o seminário “Desperfilhar as artes visuais, o objeto enlouquecedor e o movimento das coisas”, sendo estes Isabeli Santiago, Lucie Fortuin, Mijo Miquel, Renata Gaspar, Ana Sofia Ribeiro, Felipe Argiles e Orlando Vieira Francisco. Durante os dois dias do seminário, os autores tiveram suas comunicações gravadas por áudio, depois transcritas com o auxílio de programas de edição, e finalmente editadas pelos próprios autores para esta publicação.


Qual é o perfil do tempo atual em relação ao tempo geológico? Como as Artes Visuais poderiam contribuir para uma análise do movimento a partir das migrações e os efeitos da crise climática? Como e quem define o perfil do movimento social e das frentes de resistência ao capitalismo e às indústrias extrativas? Estas foram algumas das perguntas apresentadas aos autores durante o seminário, para as quais encontrarão reflexões livres no desenvolvimento desta publicação, baseadas nos percursos de interesse e de investigação de cada autor.


Nesta publicação também se encontram imagens produzidas a partir do exercício de digitalizar e imprimir anotações feitas pelos participantes do seminário, e que gentilmente cedidas, apresentam-se como resultado complementar à leitura da presente publicação.


Convidamos à leitura nas próximas páginas dos “textos falados” em “Desperfilhar as artes visuais, o objeto enlouquecedor e o movimento das coisas”, na expectativa de ampliar o debate sobre o que já se percebe mas que ainda é preciso de alguma forma atravessar.


Editorial para a publicação Desajustados - Coleção de Textos Falados:

(1) O historiador Achille Mbembe apresenta o “objeto enlouquedor” como o “outro” que é perseguido pelo sujeito imerso na ilusão da vulnerabilidade, como produto e invenção de seu próprio desejo e imaginação, destinados a garantir-lhe a sensação de diferença e afastamento em relação a este "outro", ao diverso, ao estranho, para preservar sua posse, seu status social, a "pureza" racial, o poder econômico ou político.


Nos dias atuais, o “objeto enlouquecedor” passa a ser a/o estrangeira/o, a/o imigrante, refugiados, a comunidade árabe e mulçumana, o islão, a comunidade indígena, o quilombo, os movimentos sociais, ativistas ambientais como Berta Cáceres, Bruno Pereira e Dom Philips, a reforma agrária e ocupação de terras, para citar alguns.


Na obra “Políticas da Inimizade” (2017), Mbembe faz ainda uma extensa lista tecnológica e política que se desenvolve no sistema no qual o “objeto enlouquedor” é controlado: checkpoints, muros e bloqueios em estradas, controlo do espaço aéreo e marítmo, extinção e destruição de infra-estruturas, bombardeamentos, controle e identificação do perfil dos corpos e das mentes, assédio permanente, divisão territorial, violência celular e molecular, etc.


Foi a partir deste sistema de controle que encontramos algo potencialmente tangível no âmbito das Artes Visuais, no desenho, na compreensão territorial e social da paisagem: o entendimento sobre perfil.



(2)
A palavra “perfil”, ou ainda o verbo “perfilar”, tem sua origem no latim para expressar ou evidenciar um contorno, ressaltar a forma ou ainda qualquer sentido figurado que possa estar associado a este traçado, etimologicamente melhor definido pelo prefixo “pro” (à frente) e o substantivo “filum” (fio, linha).


No entanto, reconhece-se também no  “perfil” sua dimensão política, seja na intencionalidade do desenho técnico, no reconhecimento facial ou de produção de dados sobre um indivíduo, ou ainda na força política que uma pessoa carrega na sua própria identidade. Desperfilar, portanto, amplia a discussão, inclusive, no carácter paradoxal existente no entendimento da epistemologia, da diversidade, da justiça social e ambiental.


Desta forma, a edição da série Desajustados - Coleção de Textos Falados surge a partir do seminário “Desperfilhar as artes visuais, o objeto enlouquecedor e o movimento das coisas”, que aconteceu entre os dias 3 e 4 de Outubro de 2024 e foi organizado dentro do programa “Arquipélago”, promovido pelo ID_CAI - IDENTIDADES_Coletivo de Ação/Investigação (i2ADS - Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade).


No âmbito das artes visuais e performativas, o seminário apresentou discussões da aproximação de uma análise transdisciplinar do perfil histórico, epistemológico e categórico no qual o sujeito e a natureza são percebidos, o território é pensado e a ciência se funde.